sexta-feira, 22 de abril de 2011

O que cabe em um abraço?

Ela o viu. E se fez notar. Visto que havia se arrumado com tanta minúcia que previa exatamente o que estava por vir.

Um beijo e um abraço. 
O que cabe em um abraço? Cabe toda uma lembrança, ou várias, que vieram à superfície da memória, atraídas pelo perfume que o abraço tinha. Ah! O perfume... Se não fosse o perfume, talvez o abraço fosse simples cumprimento, ou despedida. Mas não. O olfato logo ativa esse recôndito onde está um momento de intensa felicidade. E aquelas notas aquáticas combinadas com acordes amadeirados foram direto ao ponto. Lembrara da penumbra do quarto, o lençol, o cobertor furado, o chocolate e a garrafa d´água.
E aquele perfume a fez desejar a chance de parar o tempo, ali mesmo.

Outro beijo e outro abraço.
Cabe uma desculpa. Faz com que essa desculpa traga uma sensação de paz e uma convicção, desconcertante, de que não era pra ser.
Paz coisa nenhuma! Se fosse paz ela não estaria sem sono, ela apenas desejaria que ele ficasse bem e isso faria com que a história terminasse no abraço. Mas não.
Dele... um sorriso, assim, disfarçado.
Dela... uma mão que procurava apoio no encosto da cadeira mais próxima e escorregou.
E algumas palavras gaguejadas.

Mais um beijo e um último abraço.
Cabe também um olho no olho, surgido de um momento inesperado, um cara a cara que jamais teria imaginado.
E quando é que se está preparada para as voltas que a vida dá? Ela se perguntava.
Sem resposta. Para essas voltas, talvez nunca esteja preparada, concluiu. 

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